sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Loja de roupas

Lá estava eu, tranquilamente em uma loja do Brás, escolhendo camisetas para pintar. Estava envolto em indecisões de cores, tamanhos e quantidade. Mas algo chamou minha atenção naquele momento, fazendo-me escapar de meus devaneios e angústias.
Era um menino e uma mãe.
O menino deveria ter entre 3, 4 anos. Era bem pequeno, mas já andava pela loja, olhando tantas roupas expostas. Já articulava bem sua falava e enquanto andava, falava e ajudava sua mãe a escolher as roupas.
- Filho, o que vc acha dessa camiseta para o papai?
- Não, essa é feia.
- Vc não gosta dessa cor?
- Não!
- E essa daqui? - apontando para uma camiseta rosa
- Essa não, essa é de bichona...
- Ah, filho, mas é bonita, vc não gosta?
- Não, é de bichona!
Enquanto isso, sua mãe achava graça nas coisas que o menino dizia.
Eu fiquei ali, parado por um momento. Estava processando a situação ainda. O menino olhou para mim, sorriu e passou. Sua mãe, continuou tentando achar uma camiseta e depis contou a história para a avó e para a tia. Contou como se fosse uma brincadeira, uma piada.
Elas passaram por mim e nem notaram minha presença.
Fiquei ali por alguns instantes.
Era tão pequeno aquele menino. Uma criança.
E enquanto sua mãe, avó e tia, caminhavam pela loja, rindo e achando graça, mal sabiam o que estavam criando. Mal sabiam que já inseriam uma semente de preconceito no menino.
Um menino tão pequeno, tão jovem.
Um menino que no futuro poderá olhar para si mesmo e ter nojo. Não se aceitar.
Foi aquele sorriso, aquele olhar que ficou em minha cabeça. O jeito daquele pequeno menino já me dizia que ele seria um de nós no futuro...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

1 litro de lágrimas

Hj eu terminei de ver a novelinha japonesa 1 litro de lágrimas. Para nós é mais similar à uma minissérie que uma novela. Elas tem poucas capítulos de duração não mto gde tb.
Essa novelinha me tocou por mtos motivos e me faz pensar em mtas coisas.
Sinto-me renovado ao vê-la, quase uma sessão de descarrego de tanto que se chora.
A história, como toda história japonesa, é triste. Mas é contada de maneira mto sensível e sutil.
Conta-se sobre uma menina com uma doença incurável. A doença tem caráter progressivo e aos poucos tira o equilíbrio e o movimento do corpo. Ela pode ser pensada em mtos aspectos para a Terapia Ocupacional tb.
Ela me fez pensar em todo meu sentimentos e meu processo criativo. Em como eles estão interligados.
Me fez pensar na relação que tenho com meu corpo. Meu corpo é minha casa, minha vida.
Acho difícil vê-la e não ficar em um estado de reflexão e contemplação.
Recomendo a todos, espero que gostem.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Corpo calado

Lá estava ele em meio aquele agrupamento de pessoas dentro de um ônibus.
Um gde agrupamento, pensou.
Sua mente estava em outro lugar. Calado com seu fone no ouvido, pensava na vida. Conexões de diversas ordens eram formadas naquele emaranhado de ideias.
Até que sentiu aquele corpo pesado recostando sobre suas costas. Fora um toque leve e sutil, mas sentira-o com vigor.
Nesse momento olhou para os lados atento a situação. Havia mta gente. Seus corpos se aproximavam, se tocavam, se esbarravam.
Há qto tempo estaria ele sendo tocado por outros? Qtos teriam passado por ali e realizado um contato corpo a corpo?
Olhou para os lados novamente. Via aquele agrupamento de pessoas e pensou em qtas estariam na mesma situação.
Em meio aquele aglomerado, era melhor não pensar. Melhor mesmo era instaurar uma dissociação entre mente e corpo.
Se prestasse atenção, recostariam em lugares privados, em lugares proibidos.
Mas seu corpo pulsava. Ele tinha vida.
Por mais que esquivasse sua mente, ele a puxava de volta.
Eles não poderiam ficar separados. Sua mente estava corporificada e seu corpo jazia entre pensamentos.
Como os outros conseguiam permanecer tão apáticos em meio a td isso? Como ele fazia para cortar essa conexão novamente? E queria mesmo isso? Queria se desligar de seu corpo, queria desligar suas sensações?

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Dois meses

Depois de dois meses ficamos eu e vc por aqui. As coisas passaram, as coisas se foram.
O medo me deu uma trégua.
Ficamos apenas eu e vc a conversar. Deitados em cima daquela cama nos olhávamos como duas crianças que acabaram de ganhar um novo presente.
Sim, era novo. E, claro, era um presente. Presente maior que esse ainda não vi.
Estar ao seu lado, estar com vc. Estar... é bom estar.
Mas parece que estou com vc há tanto tempo.
Parece que te conheço de algum lugar.
São somente dois meses.
Mas nossos corações ditaram uma temporalidade atípica. Ela não pode ser medida. Não pode ser contada.
Mesmo com seu jeito exatóide e minha forma humanizada, o tempo nos escapa.
E quando percebemos foram apenas dois meses.
No entanto o presente continua. Ele se renova a cada dia.
E nossos olhares, continuam a se fitar como duas crianças.

domingo, 8 de agosto de 2010

Guerreiro

É estranho o que acontece em nossas vidas às vezes...
Esse sábado pude ir num evento chamado TED, feito lá na USP. Lá estavam eles, falando de se arriscar, de olhar para as coisas de um modo diferente, de fazer as coisas com amor. Falaram sobre a maravilha de um mundo diverso. Falaram sobre vida.
E lá estava eu com vc. Mais estranho era estar com vc. Não, não era um estranho ruim, era bom, era mto bom.
Mas vendo aquele evento, me era inevitável pensar em nossa história. Uma história de olhar para as coisas de um modo diferente, uma história de se arriscar e uma história de amor, de fazer com amor.
Não pensava que um dia poderia estar vendo um evento daqueles ao seu lado e daquela forma. Não erámos mais dois amigos, éramos dois amantes. Estávamos ali, um do lado do outro, apaixonados e abobados. Nos deleitávamos com aquele evento e acima de tudo, adorávamos a companhia.

No início, vc era apenas um amigo. Não... no início nem um amigo era. Era um estranho. Um estranho que pude conhecer e dar uma carona. Íamos para o mesmo lugar, para a mesma festa. E logo que nos conhecemos vc já estava na porta de minha casa.
Nesse dia mal conversamos. Um leve papo em casa, no caminho, na entrada e lá dentro. Não foram mtas palavras, foram poucas.
Depois nem vieste embora comigo. Ficara naquele espaço. Seus olhos se voltavam para outra pessoa. Acho que nossos olhos nem puderam se encontrar.
Foram mtos os devios que tomamos. Mas um dia saímos juntos. Erámos só eu e vc. Duas pessoas sentadas num café. Conversávamos sobre mtas coisas. Como era bom falar contigo. Parecíamos ambos à vontade, mas algo me inquietava.
Seu olhar era em demasia para mim. Encarar-te não era algo fácil. Vc seguia fundo demais e eu tentava te parar de alguma maneira. Mas não podia, uma marca sua já estaria ali.
A partir de então quis te conhecer melhor. Sua companhia era tão gostosa. Pq não estar perto de alguém assim? Vc parecia precisar de um amigo e eu buscava um novo. Não sei como se sucedeu, não sei bem o que aconteceu. Mas amigos nos tornamos. Até aquele dia. Aquele dia eu te trouxe para dentro. E aqui ficamos conversando e nos conhecendo melhor. Vc não quis ir embora, mas eu te expulsei.
E como um guerreiro vc lutou. Não importava o que fosse acontecer depois. Vc queria estar ao meu lado.
Eu deixei, ainda gostava mto da sua companhia. Vc sabia da história e conhecia os riscos. Teria que lutar com outro.
E como lutou. Manteve-se firme, persistiu até o último momento em que eu disse chega. Não poderia mais continuar, já não sabia mais o que fazer e como lidar com aquilo. Te quis longe.
Mas vc não foi, não iria, não queria. E aqui continuou.
Até que meu olhar começou a mudar. Comecei a te ver de outra forma e a me interessar. Vc estava sempre ali. Eu não sabia pq, mas vc estava. Não sabia pq, mas estava gostando daquilo.
E eu coloquei a decisão em suas mãos. Vc quem teria que optar por um destino. Já estava não sabendo demais para escolher. E além de tudo, confiava em vc, saberia para onde seguir.
Vc não perdeu tempo e me quis junto a ti. Se arriscou, se jogou.
Eu não quis me jogar. Como poderia me jogar daquela forma? Não, não podia ainda. Mas vc me olhou, apenas olhou. Foi como se pudesse me encontrar aonde fosse. Não tive escapatória. Aquele olhar me laçou para junto a ti.
E ficamos na cama apenas a nos olhar. E passamos o tempo apenas a nos olhar. E relacionamos apenas a nos olhar.
Parece pouco, parece mto pouco. Mas foi td para nós. Foi td o que mudou. Conforme olhávamos havia mais coisas para se ver. Conforme víamos desejávamos estar. E conforme estávamos, crescíamos.
E aquilo foi crescendo e tudo foi crescendo. Tomou formar, corpo, conteúdo.

E no sábado estávamos ali. Td aquilo já tinha crescido, td aquilo já estava mto gde. E por algum motivo, todas aquelas palestras sobre ver, sobre se relacionar. Me fizeram olhar para isso, para o tamanho disso. E meu Deus, como está gde, não sabia que estava tão gde.
Agora, paro eu para olhar td isso. Ainda não consigo ver td. E é estranho pensar. Pensar em td o que passou e o que aconteceu. É estranho, é bonito, é poético.

Mas eu tenho medo, Gurreiro. Eu estou com medo. Está td mto gde, eu não imaginava este tamanho como não imaginei percorrer td isso com vc. Eu tento reter, mas já é tarde demais. Isso já está mto maior do que eu.
E eu olho para o tamanho disso nesse momento e me sinto como uma criança assustada querendo sua mãe para protegê-la. Choro encolhido num canto sem saber como me aproximar, sem saber se isto vai me devorar.

E agora, guerreiro? E agora?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ao Pais de uma Juventude

Pais,

Vcs não me conhecem, mas eu poderia ser filho de vcs. Quero me apresentar primeiro. Sou apenas um jovem brasileiro de 20 e poucos anos, classe média, que vive numa cidade gde, em plena primeira década do século XXI.

Gostaria de contar a vcs, pais, como é ser jovem nesse contexto. Não, não quero criticar o trabalho de vcs ao longo desse tempo. Sei que não é fácil ser pai e mãe nessa época tb. Sei que vcs possuem inúmeras obrigações e demandas a cumprir. Mas quero dizer a vcs que nós tb temos.

Ser jovem hj já é mto diferente de ser jovem no tempo em que foram. As coisas mudaram, os tempos mudaram, o mundo mudou. Então, por favor, pais, apenas se lembrem daquilo que vou dizer antes de conversarem com seus filhos, antes de darem bronca em seus filhos, antes de cobrarem, impedirem, antes de exercerem suas funções. Sim, pq a função de vcs ainda é mto importante para nós. Ainda precisamos que vcs nos orientem, nos guiem, ainda precisamos do apoio de vcs.

Começarei falando sobre a tecnologia existente no mundo atual. Ah, a tecnologia, aquela que achávamos que poderia salvar a humanidade parece nos fazer refém dela. Nós jovens somos gdes reféns dessa tecnologia. Começamos pela internet. Hj fazemos td pela internet. Estudamos, namoramos, conversamos, conhecemos gente, nos informamos. Nossa vida depende em boa parte dela. Qtos de nós em seus trabalhos não usam apenas ela como referência? E até mesmo na faculdade procuramos por artigos e livros dentro dessa rede.

É mais fácil, mais prático e mais rápido. Pq, afinal, tempo é dinheiro e o show não pode parar.

Essa tecnologia tornou as coisas mais rápidas. Mas qto tempo levamos dentro de um ônibus viajando pela cidade? Temos uma economia de tempo por causa dela. Mas ainda precisamos ter uma boa noite de sono e dormir durante pelo menos oito horas por dia, mtos de nós ainda estão em fase de crescimento.

E, claro, td não se resume a isso. Qtas obrigações temos hj em dia? O colégio parece não dar conta do recado. Pelo menos um curso de língua precisamos fazer, né? Ah, mas não se esqueça da informática. Lembre-se tb que é necessário fazer atividade física todos os dias, não apenas pq é saudável, mas a gente fica bonito e gostoso tb. Precisamos de uma boa alimentação para agüentar td, mas não podemos nos impedir de ter pequenos prazeres na vida. Entenda um pouco apenas de política, arte, cultura, música, além de nossas obrigações como estudantes, é claro. Saiba dançar e cantar, pq quem dança e canta seus males espanta. Física, química, matemática, história, geografia, português, biologia, cursinho, pq passar numa boa faculdade é importante para seu futuro, mas a faculdade quem faz é vc.

A juventude será a melhor época de sua vida. Aproveite cada momento, viva cada instante, não se arrependa, mas jamais esqueça que o futuro se faz no presente.

Lembre-se de sua família, cuide dela, ela será a única a estar ao seu lado para toda sua vida. Mas tenha uma vida social agitada. Curta, faça amigos, beije, namore. Saia para se divertir, mas cuide de seu irmão, da sua avó e de seu cachorro e não esqueça de arrumar a cama e lavar a louça. Ah e não seja mto dado, vc ainda é de família.

Não fique só em casa, mas tb não saia demais.

Seja carinhoso, gentil e amável com as pessoas, mas não seja bobo, vc precisa de pulso firme e desconfie, pois de boas intenções o inferno está cheio.

Seja original, mas não seja mto diferente.

Bastante coisa já, né? Mas não se enganem, pais, essas são apenas uma pequena parte das informações que recebemos diariamente. São questões que ficam presentes em nossas cabeças. Ouço pais dizerem que essa juventude é avoada, que não pensa nas coisas, nas conseqüências, que não ligam para a família.

Quero dizer que ligamos sim, que nos importamos. Mas temos mtas outras coisas para pensar tb. Vivemos bombardeados de cobrança por tds os lados, vcs são apenas uma parte dela. E neste pequeno relato, já pude colocar mtas informações que permeiam nossas vidas, adentrando na cabeça de cada um de nós em uma velocidade extremamente alta, inundando e nos afogando. Nossas cabeças não acompanham essa velocidade. Imagine toda essa confusão de mensagens, pois elas sempre vêm misturadas, e note qtas contradições.

Pensa que damos conta? Não, não conseguimos, mas queremos. Ainda não temos maturidade o suficiente para selecionar, escolher, mas queremos, queremos mto experimentar.

Pode parecer que queremos respostas prontas, e mtas vezes queremos mesmo. Mas não é disso que precisamos. Precisamos que vcs conversem conosco, que nos façam pensar, que com suas experiências vcs possam nos orientar e dar conselhos, que nos ajudem a construir uma resposta e não que forneçam uma.

Não somos filhos apenas de vós. Somos filhos do mundo, da vida, de um país, uma cidade. Somos filhos de uma era. E essa era, pais, não se pode mudar. Podemos tentar entendê-la, entender nossa juventude dentro dela. Vcs podem até ter uma compreensão ampla, mas precisam conhecer seus filhos, precisam conhecer esses jovens.

Olhem para eles. Saibam quais são seus gostos, quais são seus desejos, quais são seus medos, suas angústias. Não nos julguem, já fazemos isso, mas tb não precisam ser nossos amigos confidentes. Precisamos apenas que sejam pais, que sejam nossos pais.

Pois alguém precisa nos orientar, nos acolher, nos criar, nos educar, nos incentivar, nos olhar, nos reconhecer, nos valorizar, nos apreciar e acima de tudo, nos amar. Mas pensem, apenas pensem um pouco neste relato ao se dirigirem ao seus filhos.

Obrigado, pais,

Obrigado por td.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Lua e Mar

Eram como o mar e a lua.
Dependendo de sua posição, a lua conseguia influir na maré do mar.
Mais próxima, mais distante e a cada movimento um comportamento.
O mar tb dependia de sua luz. Nem sempre havia um sol para iluminar aquela imensidão.
A lua tb gostava do mar. Não queria estar sozinha e ele sempre se mostrava presente.
Era sempre a mesma face que voltava para o mar. Era sua face mais bonita.
Não que não tivesse outras. Tinha. Mas qdo se voltava para o mar, era sempre aquela que saía.
E todo dia era um tp de interação.
Lua e Mar, Mar e Lua.
Sempre à espera da noite.

sábado, 12 de junho de 2010

Cnofuosã

Estava confuso, não sabia o que fazer?
Por onde poderia sair daquela situação angustiante?
Seu peito, seu peito palpitava intesamente. Podia sentí-lo em sua garganta procurando por um raio de luz.
Ai, meu Deus. Como se enfiara naquela situação estranha.
Estava dividido em dois.
De um lado, ah, de um lado a fofura, a doçura, o companheirismo.
Do outro, hm, a intensidade, a força, a atração.
Como ficar entre eles. Como ficar entre si.
Tentava separar aquilo que era de um, aquilo que era do outro.
Mas não conseguia.
Estava td embaralhado na sua cabeça.
"Um é isso, o outro aquilo, mas isso não pode ser por isso, mas aquilo tem relação com isso, mas como eu sei que é isso, mas o outro tb não tem, mas de onde eu tirei, mas o que acontece nisso, isso pode ser isso, mas não pode ser aquilo, não to confundindo isso, mas aquilo tb é estranho, esse é mais isso, mas aquele tem isso, mas, mas, mas..."
Qtas e qtas e qtas e qtas e qtas questões surgiam em sua cabeça.
Suspirava e passava as mãos em sua cabeça na tentativa de extrair algo delas.
Tentava organizar as relações. Mexia em seus cabelos, vai, volta, de um lado, para o outro.
Fechava os olhos e continuava a suspirar.
"Ligo? Mas ligo pra quem?
Ah... Eu vou comer que ganho mais...."

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Dia do namorados

Era madrugada de um dia especial. Dia dos namorados.
Uma data que deveria ser comemorada junta, com aquele dito especial.
Mas sua madrugada era fria e sozinha. Sentado na frente daquele computador.
Suas relações eram mediadas por um tela dura. Ela não te respondia. Não demonstrava alegria, compaixão, afeto.
Era apenas um tela, lisa e refletora.
Colocava uma música para se sentir menos só. Para que ela pudesse embalar seus pensamentos e sentimentos numa melodia alienante.
Seus dedos estavam cansados de apertar aquelas teclas aparentemente macias. A repetição constante e sua insistência enrijeciam seus dedos.
Está frio, pensava. Era bom fazer seus sangue circular, exercitar os dedos.
Está frio, pensava.
Mas era aquela repetição que enrijecia seus dedos.
Não percebia o que te paralisava e sempre pensava no frio.
Sentia falta de um calor humano.
Não, não queria apenas um corpo. Queria sentir o calor, queria se sentir aquecido.
Seu peito parecia esfriar a cada momento e nem os cobertores lhe ajudavam.
E só lhe restava aquela tela fria.
Mas espera, percebeu uma corrente de ar quente partindo de seu computador.
Havia ali um motor que mantinha as coisas aquecidas.
Nem aquela fria tela sobrevivia sem algo que pudesse aquecê-la.
Não entendeu o motivo, mas se sentiu melhor.
E foi buscar um chá para ficar mais quente.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

XIV Parada do Orgulho LGBT

Era um domingo de festa e manifestação.
A paulista era fechada para o transcorrer de trios elétricos, de artistas, de manifestantes, de gente.
E eu no meio daquela multidão esperançoso em realizar um desejo. Subir num trio elétrico.
Um desejo de tempos, desde 2003, minha primeira parada.
E quanto tempo foi necessário para se chegar no momento de se estar lá em cima.
Olhar tudo do alto e observar os passantes abaixo. Interagir com os que passavam.
Expressar-se e festejar o momento.
Neste ano onde meu ativismo se ligou mais intensamente. Onde finalmente há minha participação em grupos ativistas e, claro, um ativismo individual tb.
Um ano que ainda promete mtas histórias.
E é nesse ano que comemoro em cima de um trio.
Em 2003 era apenas um garoto, ainda com medo de se assumir. Ainda trancafiado em seu armário trancado.
E foi naquela parada que um feixe de luz se fez entrar. Foi naquela parada que a vontade de colocar a cabeça pra fora se fez mais presente.
Observei toda aquela manifestação. Recebi cantadas. Interagi com outros que considerava iguais, com outros que passavam pela mesma condição.
Uma primeira experimentação e aproximação com aquele mundo tão estranho e ao mesmo tempo familiar.
E na minha sétima parada, só não estando presente na do ano passado.
Na minha sétima parada, marcando a metade das paradas ocorridas.
Nesse número cabalístico,
Pude subir em cima de um trio. Dançar, gritar contra a homofobia.
Balançar a bandeira e dizer:
Sou gay e muito mais...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

I Marcha Nacional Contra Homofobia



Eles marcharam.
Era a primeira vez que marchavam daquela forma, mas nem por isso deixaram o colorido e a alegria de lado.
A seriedade de sua luta estava ali. Estava em cartazes, em faixas, em falas, em pessoas, em vestimentas, estava na vida.
Deixaram seus estados, seus trabalhos, suas casas, suas vidas para protestar em nome daqueles que enfrentam as mesmas condições.
E por um dia, Brasília se encheu de cores, de caras, de diversidade.
A cada cor um gesto, a cada cor uma expressão, a cada cor um sentimento, um sonho, uma vida, uma pessoa.
Havia uma celebração da vida. Celebração daqueles que venceram. Pessoas se encontravam, se cumprimentavam, se abraçavam.
Era bom saber que estávamos vivos e atuantes.
Mas em meio a tudo isso. Havia a memória dos que se foram. Um luto por aqueles que não venceram essa batalha.
A cada dois dias um homossexual é assassinado por homofobia.
Somos assassinados pela coragem de se expor.
Somos assassinados por querer um espaço nesse mundo para além dos guetos.
Somos assassinados por que vivemos e queremos viver.
Por isso marchamos.
Marchamos para abrir caminhos.
Marchamos por um espaço.
Marchamos porque queremos continuar a marchar.

domingo, 25 de abril de 2010

Outros tempos

O tempo carrega minhas ideias com ele. Todo aquele montoado de letras e ideias se escondem atrás de uma seca e espessa neblina.
Ela engloba, fagocita e tudo fica turvo.
Lembro-me de uma velha apenas. Ela permanece em minha memória.
Me fala desse tempo maluco que atropela o que não o acompanha.
Lembro dela naquele ponto de ônibus. Tinha um pastel e uma lata de refrigerante em sua mão.
O pastel era pra viagem, não conseguiria comê-lo, imagina se o ônibus passasse antes?
Mas permanecia ali, sedenta e lutando com uma lata para tomar seu refrigerante.
Depois de mta insistência, a lata cedeu.
E ela pôs-se a tomar.
Algo não parecia certo e percebi que sua lata não estava completamente aberta. O fecho permanecia ali e era através de buraquinhos que seu refrigerante adentrava a sua boca.
Depois percebi que o anel da lata havia se rompido.
Ela não entendia, continuava a tentar abrir.
Olhava para os lados, perdida. Tentava, tentava e tentava, mas não entendia o que estava acontecendo.
"Maldita latinha", deveria pensar. "E agora, o que eu faço?"
Fazia pequenos movimentos, pois seu corpo já não permitia gdes demonstrações.
Mas algo em sua sutileza tornava aquela cena mais intensa. Sua expressão concentrava-se naqueles gestos que podiam não ser gdes, mas eram carregados de emoção.
Um ônibus passou. Não viu... Se deu conta quando estava parado. Moveu-se em sua direção receosa, sem saber se era seu ônibus.
Hesitou e nisso ele se foi.
E voltou-se para o outro lado, com sua lata e seu pastel.
Ops, meu ônibus.
E ao entrar, na loucura desse tempo. Nem mesmo consegui olhar para ela.
Td se foi mto rápido

sábado, 10 de abril de 2010

quarta-feira, 31 de março de 2010

À Ti

Estive a pensar na minha frieza. Minha falta de sentimento perante às pessoas. Faz tempo que não sinto algo, faz tempo que alguém não me instiga.
Agora olho para os lados, troco e apenas uma irritação permanece.
Até que um dia, aquele menino apareceu. Estávamos em um lugar onde não pensava que aconteceria. Uma leve chama voltou a se acender.
E conforme passou ela cresceu. Sim, queria ficar bem gde. Mas tive que jogar uma água por cima dela.
Agora eu paro e penso pq não sentia algo antes.
Acho que vc ainda é um motivo.
Minha frieza era uma barreira, uma proteção contra o que sinto por vc.
Mas agora, agora que se volta a sentir, um pequeno buraco é aberto nessa barreira.
E por ele saem coisas, vê-se coisas, sente-se coisas. Vc volta. Sempre volta.
E a única coisa que me resta a fazer é me perguntar.
Por quê? Por que sempre vc?

segunda-feira, 22 de março de 2010

Volta...

Ele sentou no canto de seu quarto.
Não entendia o que acontecia.
Tocava o chão com os dedos, fazia voltas. Ia e vinha.
Estava em busca de algo, mas não sabia como chegar lá.
Pensava, pensava e pensava.
As coisas estavam mudando.
Parou.
É ele parou, não sabia como, mas tinha parado.
Não queria parar.
Seus sentimentos deviam estar escondidos em algum lugar.
Não sabia onde procurar.
Não sabia mais, não sabia mais de nada.
A sua volta, apenas mãos, rostos, corpos, pessoas.
Pensou nos que já vieram. Mas nem eles, nem eles.
A não ser um. Aquele estava ali. Permanecia.
Este parecia seu último.
Agora seu coração encontrava-se num estado de coma.
Era um mistério.
Queria que ele acordasse.
Mas em um coma, nunca se sabe qdo ele voltará e se voltará.
E só restava para si esperar, esperar e esperar.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Olhos de contato

Olhos nos olhos e um cintilante gesto de contato.
Paro, observo e olho.
Mas ele retriubui, retribui de uma forma que não sei lidar.
Desvio, finjo que nada vi, que nada sei.
Mas ele continua, está ali olhando fixamente para mim.
Há algo de novo nesse olhar.
Um estranhamento percorre meu corpo.
Um incômodo, um aperto, uma pressão.
Sinto-me fragilizado e vulnerável.
Mas por que será que olhas tão fixamente?
O que há em seu olhar para me incomodar?
Sua comunicação se concentra naqueles dois globos.
E como anular aquilo que carrego culturalmente?
Não sei se estou preparado, não sei como agir.
E apenas um medo permanece.
Olho, fecho os olhos e abro-os lentamente num suplício,
Me ensina a olhar, por favor.

terça-feira, 9 de março de 2010

Novo, sempre novo

Seu mundo queria se ampliar novamente. Olhava para os lados e estava cansado daquela mesmice. Seu lado aquariano falava mais altos, queria mudanças, queria o novo, queria o inusitado.
Estava pronto para novas experiências e saiu em busca delas.
Mas achou difícil. Não sabia por onde começar, não sabia onde encontrar.
Pensou em lugares novos, mas como saber se eram bons?
Achou que teria que vasculhar e se aventurar por essa são paulo de mil faces.
Agora seu outro lado tb gritou e a preguiça tomou conta de seu corpo.
Até que como num passe de mágica as coisas vieram ao seu encontro. As novidades se apresentaram, se cumprimentaram e decidiram conduzí-lo.
Ele apenas seguiu estarrecido, sem reação. Entrou numa espécie de transe e quando acordou já estava em outro lugar.
Aquela mudança estava ali, estava por todos os lados.
Animou-se e quis explorar os espaços.
Sua preguiça se aquietou, sentou num canto enquanto ele corria.
Corria, corria para não deixar escapar nada que estivesse ao seu alcance.
Correu, nossa e como correu...

segunda-feira, 1 de março de 2010

Mudança climática

E de repente, uma frente fria assola São Paulo.
Dessa vez não causa apenas chuvas. Aqui esfriou e esfriou bastante.
Num dia amanhecia com um sol que aquecia essa cidade, transformando-a num forno para humanos. No outro, um dia nublado.
Achava que eram apenas dias frios, não imaginava em como uma mudança de clima me afetava.
Meu humor mudou, minhas vontades mudaram. Não percebia isso com tanta nitidez, mas numa mudança brusca isso aparece.
E esse frio me traz lembranças, me traz vontades.
Junto com ele veio a vontade de estar junto.
Estar junto de quem se gosta, estar junto daquele especial.
Esse último que é o problema. Aquele especial é alguém que já não se convive mais. Mas não consigo segurar meu pensamento que corre ao seu encontro.
Quer ter aqueles braços a minha volta pra me aquecer, quer ver um filme ao seu lado debaixo das cobertas com bastante pipoca, quer dormir ao seu lado se aconchegando em seu corpo.
Quer sua companhia, seu sorriso, seu toque, seu calor, seu afeto.
E fico aqui a tentar me esquentar sozinho.
Mas é a sua lembrança que me aquece.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Juventude

Eram jovens, bonitos e inteligentes. Pareciam não ter mto em comum. No colégio cada um andava numa turma. Até uma noite com uma garrafa de vinho que se transformou em várias noites, sem ou com garrafa.
Ambos encontraram-se na mesma situação.
Seriam agora duas almas. Duas almas que apenas desejavam se ver e se relacionar.
Mas suas vidas não eram tão simples assim.
Agora sabiam como era estar no armário. Na verdade, sempre souberam, porém não se importavam tanto e apenas viviam.
Ah, mas qdo aquele certo sentimento bate em nossas portas, td muda.
Queriam ficar juntos, mas não podiam.
Queriam se ver, mas não podiam.
Queriam conversar, mas não podiam.
E aquela relação se transformava numa troca de olhares, de sinais e em noites escondidas.
Suas vidas eram pressionadas e a medida que o tempo passava ficava mais difícil esconder.
Não tinham mais controle sobre seus sentimentos. Suas ações pareciam querer delatá-los.
Tinham ódio de si. Tinham ódio do mundo.
Se consideravam culpados, culpados por se entregarem, por viverem.
Encontravam-se numa encruzilhada sem saber o que fazer.
Não entendiam porquê sentiam aquilo. Não sabiam porquê era errado.
Era tudo tão natural para ambos, era como respirar.
E a medida que o tempo passou aquele momento que era o único em que se sentiam bem tornou-se tão angustiante qto os outros, pois sabiam que seria apenas um momento. Sabiam que em todos os outros momentos eles voltariam aquela pressão, aquela vigilância, aquele mundo.
Foi então que um magoou o outro.
Magoaram-se, pois assim seria mais fácil.
Se afastaram sem se despedir.
Mas volta e meia seus gestos se cruzavam e um ímpeto subia em seus peitos. Queria sair, queria viver.
Suas respirações encontravam um ritmo sincronizadamente próprio.
Era aquele sentimento, aquele maldito sentimento.
Era culpa dele. Tudo aquilo que tiveram que passar, que esconder, era tudo culpa dele.
Somente se encaravam. Seus rostos mantinham um semblante desafiador, um semblante de rancor.
Mas seus corações jamais esqueceriam aquele ímpeto.
Jamais esqueceriam aquela noite com uma garrafa de vinho.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Aventuras de um jiichan. Cap II

Era mais um dia naquela rotina de consultas médicas. A manhã compromissada com uma consulta. Trânsito, sala, espera.
E chegou sua vez. Já estava acostumado com todo aquele ritual. Apenas mantinha-se quieto enquanto outros tomavam a sua voz.
Não entendia td o que se passava e apenas permanecia em silêncio, preservando aquilo que restava de sua sanidade.
Eram toques, movimentos, ações necessárias para se realizar com seu corpo. Não compreendia, não sabia do seu propósito, mas ainda conseguia imitar e com alguma ajuda não foi difícil.
E passado mais um dia, deitado em sua cama. Fui conversar com ele.
Comia frutas demais, aquilo não fazia bem para seu corpo que já não era o mesmo da juventude.
Conversei. Esperava apenas uma resposta vazia. Não sabia se sua compreensão era forte o suficiente para me entender.
Disse para ele que não era saudável, não fazia bem para seu corpo comer tanto.
Não sei se entendeu. Mas sua resposta nada tinha de vazio.
Fez um sinal com a cabeça e apenas me disse:
Obrigado.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Carnaval enrustido

E nosso pequeno grande personagem parte em mais uma aventura, adentrando em um mundo diferente do que está acostumado.
Viajou, foi para uma pequena cidade no interior. Sabia das condições que teria que enfrentar para estar em tal lugar. Achou que não seria tão difícil, mas o foi.
Teve que entrar no armário novamente, se enrustir. Uma tarefa que pensava estar acostumado depois de tantos anos se escondendo.
Se enganou. Ao chegar naquela pequena cidade, já sentiu uma grande pressão em volta de seu corpo. Agora teria que controlar seu gestos, sua maneira de falar, de sentar, de se portar.
Percebeu o quão difícil se tornara aquela missão e o quão desagrádavel era para si usar aquela máscara.
Não gostava dela, achava ela feia. Seu material parecia frágil, seus enfeites refletiam uma época passada.
Não aguentava e às vezes tinha que tirá-la e percebeu que as tiras que a prendiam em seu rosto, também já estavam desgastadas e mtas vezes aquela máscara caía sem querer.
Olhava a sua volta e tantos eram como ti. Tantos tinham uma máscara que não gostavam e elas caíam, sempre caíam. Nem todos percebiam, nem todos conseguiam, mas seus olhos estavam atentos e percebiam as quedas.
Qta pressão existia naqueles mascarados. Qta expectativa era colocada em uma máscara.
E por um tempo, teve vontade de arrancar todas elas, teve vontade de ver aqueles rostos. Mas sabia que não podia e compreendia aqueles mascarados.
Foi então que percebeu. Percebeu que aquilo lhe dava forças. Não queria mais ver máscaras, queria rostos.
E lutaria, ah, sim, ele lutaria para que as máscaras não fossem mais necessárias.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Feliz Aniversário

Foi seu aniversário, passou rápido. Ainda tenta desvendar td o que pode ter acontecido.
Um final de semana que poderia ser simplesmente um final de semana se transforma em uma gde comemoração por causa de uma data.
E passou, passou rápido, nossa como foi rápido.
Pensa agora que envelheceu, que existe um tempo pra se acostumar a falar sua nova idade. Mas a medida que o tempo passa, torna-se mais natural.
Sente-se envelhecido e ao mesmo tempo jovem.
Sente-se estranho, pensa não ter a idade que tem e estranha o calendário humano.
Sente que mudou, porém é o mesmo.
É o aniversário, um simples aniversário, um aniversário de 22 anos.

22?

É... To ficando velho...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Aventuras de um jiichan. Cap I

Meu jiichan encontra-se jogado ao chão da sala qdo chego numa madrugada qualquer. Antes de perceber, de vê-lo ali estirado como tatame no chão, entro pela porta, fecho-a e escuto sua respiração. Minha mente vai longe, pensa que meu jiichan está respirando de uma forma mais intensa que o normal, acho estranho, mas continuo com meu ritual de noites em claro.
É somente qdo acendo a luz e olho para a sala que percebo um corpo jogado ao chão. Estranho e minha primeira reação é perguntar o que ele está fazendo ali.
Somente depois que meu corpo se desvia do seu estado paralisado, é que vou ao seu encontro para ajudá-lo a se levantar. Sei que perguntar o motivo de sua ação é inútil e tentar decifrá-lo é como um labirinto sem fim.
Apenas me conformo e ajudo-o a se levantar. Tenho que perceber seu estado físico. Seu corpo pede por um descanso, mas fico a me questionar sobre quão atraente o chão parecia estar para meu jiichan deitar nele.
Olho em seus olhos, sei que está confuso. Tento olhá-lo apenas com compaixão e recebo um sorriso em troca. Um sorriso singelo que parece acabar com aquele dilema e ele apenas me acompanha.
Subimos as escadas, coloco-o em sua cama.
E ele apenas me diz:
Arigatou.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Em Frente ao Computador

Sentado na frente desse computador eu paro para pensar no que de bom haveria para postar numa madrugada de domingo para segunda.
Postar sobre algo desses finais de semana que nunca se resolvem.
Postar sobre sua convivência dentro de uma família qualquer.
Postar sobre mim, sobre cultura.
Postar sobre algo inútil e supérfulo.
Postar sobre as férias que já começam a escapar entre os dedos.
Sobre o desespero de um começo de ano.
Sobre o mundo de um gay que ainda acredita no amor.

Ai, são mtos pensamentos que me chegam ao mesmo tempo e nada parece fazer sentido.
Palavras soltas, imagens desconexas e um leque de opções que chegam a deixar tonto até o mais desorganizado dos seres.

E fico assim, a pensar no que postar,
E pensando se estou de fato postando alguma coisa...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Fila de Espera

E naquele corredor se formavam duas colunas de gente.
Sentados contra a parede todos aguardavam.
Alguns conversavam entre si para o tempo passar,
outros ouviam música, liam.
Alguns certificavam-se de que sua companhia estivesse bem,
outros, apenas cuidavam.
Alguns tinham paciência,
Outros permaneciam com suas pernas inquietas.
Um clima de espera, ansiedade, desespero tomava conta do local,
junto a todas as diferenças que existiam.
Até que ao longo do tempo,
As pessoas se cansaram.
Era como um quadro congelado,
Sem vida, sem gosto, sem vontade.
E naquela espera por atendimento as pessoas apenas se prendiam as suas esperanças.
Até que um som cortou a paralisia.
Um choro, um bebê.
Ainda havia vida...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

História de Amor

Toda vez que ouço essas histórias de amor é inevitável que meu pensamento voe ao seu encontro.
Essas histórias que ficam num passado, mas que por algum motivo voltam ao presente e nele ficam consolidadas. Inclusive conheço uma próxima a mim.
Aquela chama da esperança se acende e fica mais forte. Esse fogo tem sede e se alimenta do que jogarem dentro dele.
Ainda penso em ti, ainda gosto de ti, ainda te amo.
E mesmo com td isso, ainda tenho forças para parar e pensar.
Relembrar o que passou, o que foi. Relembrar a nossa lembrança.
E com ela consigo me lembrar porque virou história, pq ela se tornou mais um desenho em meu mural.
Ainda olho como o desenho mais bonito que pude realizar.
Aquele sentimento ali permanece por entre linhas e rabiscos, entre técnica e ousadia.
Agora já nem sei o que pensas. Agora tive que colocar uma cortina sobre tudo.
Desculpe, mas eu tenho que continuar a desenhar e parar de olhar para esse retrato.
Ah, mas essas história fazem com que o vento levante aquela cortina.
Paro e olho.
Ponho-a no seu lugar novamente.
Mas confesso,
Queria mesmo é que uma tormenta arrancasse essa cortina e borrasse esse desenho, para que eu pudesse retocá-lo, refazê-lo,
Para que ele voltasse a ser uma obra em construção
E que fosse uma obra de toda uma vida.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Homem

Hj, por conta sabe-se lá do quê, fiquei a pensar em algumas coisas da vida e acabei parando por refletir no homem e em nossa trajetória.
Não faz mto tempo, tinha concordado que o homem caminhava do individual para o social.
A gente aprende na faculdade que o bebê quer satisfazer as suas necessidades que ele acha que cria as coisas que satisfazem seus desejos, mas chega um momento na vida desse pequeno ser que ele percebe a presença do outro.
Mas algo começou a me questionar se seria verdade que o homem seguiria essa trajetória.
Qdo é apenas um bebê o homem e sua mãe são como uma unidade, indissociados. O bebê não vive sem a presença da mãe, ou alguém que faça esse papel. Para nascer o bebê precisa da força da mãe para empurrá-lo. E claro que para ser gerado são necessários pais, todos aprendemos isso na escola, né?

Então, eu fiquei a me questionar o qto nós partimos mesmo do individual para o social, ou se essa linha é tão tênue que fica difícil se distinguir. Nossa trajetória cria nossa individualidade, nossa trajetória é feita de relações. Claro que nascemos de um determinado jeito, mas mesmo esse jeito tb foi herdado, nossos genes são uma herança que jamais se apagará. E quais deles estarão ativos? Quem ou o quê determina isso?
E a alma? Essa que mtos acreditam passar por corpos, famílias, pessoas, mas tb não seria ela resultado de uma trajetória?
Estudo para perceber diferenças culturais, para tentar compreender os diferentes olhares, para mtas vezes servir de ponte para mundos distantes. E passo a perceber no meu dia-dia a forte influência da cultura em cada um de nós.

E fico sempre a me questionar:
Onde eu começo e vc termina?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

À Luta



Agora seu lado ativista está instigado, pulsando para sair do armário e também mostrar sua face ao mundo.
Aquele menino outrora amedrondato, agora resolve sair para se defender e defender outros iguais a si. Não quer mais se esconder, cansou de viver atrás de uma fortaleza erguida ao longo dos anos, cansou de se sentir preso e olhar para o mundo por uma janela cheia de grades.
Quer estar lá agora, ao lado daqueles que lutam na frente de um batalhão que ainda receia em se mostrar.
Cansou de ver injustiças no mundo, cansou de ver outros sofrerem e não tomar uma atitude.
Antes de tudo, precisou orgulhar-se e emponderar-se de quem realmente és.
Precisou enfrentar suas próprias batalhas, precisou destruir sua fortaleza.
Livre, então, passou a procurar por informações, buscou ajuda também, e se associou a outros.
E agora sim, agora sim, ele não só quer como vai à luta...

sábado, 16 de janeiro de 2010

Metas para 2010

Estava pensando em minhas metas para 2010 nesses dias, mas uma fica cada vez mais forte em minha mente.

Sabe aquele tp de pessoa que precisava ouvir algo que vc não disse?
Sabe aquele cara chato que sempre te enche o saco e nunca desiste? E pior, por mais que insista, vc dá foras, mas ele é brasileiro, não desiste nunca.
Sabe aquela pessoa que passa por vc, esbarra, nem pede licença, nem desculpa?
E aquelas que acham que podem interferir na sua vida qdo bem entende?
Ou aquelas que fingem preocupação?
Ou ainda, aquelas que exigem de ti uma coisa, mas fazem algo completamente diferente.
Pior mesmo só aquelas que vc mostra que ela está errada, mas ela te ignora e insiste no erro.

Sabe, aquele tp de pessoa que deveria ouvir somente uma coisa:
VAI TOMAR NO CU

Minha gde meta de 2010 virou isso, aprender a mandar as pessoas para aquele lugar.
Acho que tem mta gente que vai gostar e mta gente que precisa...

domingo, 10 de janeiro de 2010

Pessoas que vem e vão

Estavam a curtir o ano novo, a fazer planos pro futuro.
A fazer como todos.
Pensando em comemorar, em fazer uma boa virada.
Mas algo os impediu.
Aquele fio que escrevia sua história rompeu-se.
Um ponto final foi dado, assim tão de repente, e outros tiveram que enfrentar uma história que parecia sem fim.

Se foi.
Era bom,
mas se foi...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

À Minha Mãe

Eu sei que vc tenta, eu sei mesmo.
Eu tb tento e nem sempre eu consigo.
Desculpe-me pelas grosserias, desculpe-me por desobedecer, desculpe-me por não conseguir mais aceitar as situações.
Eu só queria que de vez em qdo vc parasse com esse seu olhar.
Aqueles olhos tristes que ainda procuram o garotinho de um conto japonês.
Esse garoto cresceu e conheceu o mundo.
Tirado de um reduto de proteção, tirado das páginas de um livro, ele foi jogado ao mundo real.
E percebeu que nem sempre era bem-vindo.
Percebeu que nesse mundo existem certas regras.
Para se estar nele tb é necessário mudar certas formas.
Mas e aquilo que vc não consegue mudar?
Percebeu que em seu olhar aquelas regras tb se formavam.
Ele não quis te decepcionar, abaixou a cabeça, e resolveu entrar no jogo.
Mas chegou num momento, mãe, em que ele resolveu optar por aquilo que acreditava e não abaixou mais a cabeça.
O menino cresceu, já não é mais o mesmo.
E agora ele apenas quer que vc olhe para ele e veja o homem que ele está se tornando.
Olha pra mim, mãe, por favor, olha e me veja.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Aos meus avós

À aqueles que um dia me receberam em seu lar para juntar os trapos.

Meus avós, queridos e amados avós.

Avós que me ensinam diariamente o significado do amor, do respeito, do compromisso.
Aos meus avós que vivem há mais de 50 anos juntos, mas que em seus olhares ainda se ve carinho, afeto, dedicação.

Jamais me esquecerei de uma cena presenciada.
Os dois deitados na cama, indo dormir, esperando para que o deus do sonhos os levassem para outro mundo, ficaram parados, olhando um no olho do outro. Não havia fala, gestos, mas era perceptível a presença de um diálogo como nunca antes havia visto.

Ou meu avô, que mesmo sem saber direito quem sou me olha com carinho e me agradece, que mesmo sem saber em que dia estamos, que ano é este, sem noção de espaço e tempo ainda me pergunta onde está sua mulher.

Ou a minha vó. Uma mulher forte, decidida, dedicada, uma guerreira que mesmo entre tantas demandas, sorri, agradece pelo que tem e traz alegria.

Aos meus avós, que qdo pequeno, cuidaram de mim.
E agora "adulto", retribuo.

Enfim, a eles, pq são eles e não outros.