sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Loja de roupas

Lá estava eu, tranquilamente em uma loja do Brás, escolhendo camisetas para pintar. Estava envolto em indecisões de cores, tamanhos e quantidade. Mas algo chamou minha atenção naquele momento, fazendo-me escapar de meus devaneios e angústias.
Era um menino e uma mãe.
O menino deveria ter entre 3, 4 anos. Era bem pequeno, mas já andava pela loja, olhando tantas roupas expostas. Já articulava bem sua falava e enquanto andava, falava e ajudava sua mãe a escolher as roupas.
- Filho, o que vc acha dessa camiseta para o papai?
- Não, essa é feia.
- Vc não gosta dessa cor?
- Não!
- E essa daqui? - apontando para uma camiseta rosa
- Essa não, essa é de bichona...
- Ah, filho, mas é bonita, vc não gosta?
- Não, é de bichona!
Enquanto isso, sua mãe achava graça nas coisas que o menino dizia.
Eu fiquei ali, parado por um momento. Estava processando a situação ainda. O menino olhou para mim, sorriu e passou. Sua mãe, continuou tentando achar uma camiseta e depis contou a história para a avó e para a tia. Contou como se fosse uma brincadeira, uma piada.
Elas passaram por mim e nem notaram minha presença.
Fiquei ali por alguns instantes.
Era tão pequeno aquele menino. Uma criança.
E enquanto sua mãe, avó e tia, caminhavam pela loja, rindo e achando graça, mal sabiam o que estavam criando. Mal sabiam que já inseriam uma semente de preconceito no menino.
Um menino tão pequeno, tão jovem.
Um menino que no futuro poderá olhar para si mesmo e ter nojo. Não se aceitar.
Foi aquele sorriso, aquele olhar que ficou em minha cabeça. O jeito daquele pequeno menino já me dizia que ele seria um de nós no futuro...

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