domingo, 26 de outubro de 2014

Esse Domingo

Nesse domingo estava frio. Era noite e o céu estava encoberto. Uma chuva estava por vir.
Nos reencontramos num lugar forasteiramente familiar.
Você havia mudado, eu também.
Falamos sobre nossas mudanças. Sobre nossas vidas.
Falamos sobre nossas escolhas
Estávamos tentando nos reencontrar.

Trazíamos uma proposta de local para onde seguir.
Ao chegar lá, logo de longe vimos suas portas fechadas.
Não pudemos entrar e nem sabíamos se ele ainda funcionava.
Paramos para refletir.
Era necessário recordar outro lugar.

Foi quando começou a chover.
Abri meu guarda-chuva e você se aconchegou.
Passou seu braço sobre meu pescoço,
Segurei em sua mão e naquele gesto conseguimos nos olhar.
Nossos olhos não se cruzaram, não careciam mais.

Caminhamos juntos.
Caminhamos pelas ruas encharcadas de histórias, de sentimentos e sensações.
Ponderamos em parar, mas não conseguimos,
Nossos desejos nos impulsionavam a seguir.
E por essa rua continuamos.
Afrontando a chuva, afrontando o frio.
Afrontando o tempo

Tentamos nos despedir, mas não conseguimos.
Nossos corpos não queriam nos separar.
Queriam se tocar, queriam se reconhecer,
Mesmo com todo o esgotamento,
Mesmo com toda a caminhada chuvosa.

Você decidiu seguir o seu rumo,
Mas dessa vez eu que peguei em sua mão,
Eu que investi,
Eu que te envolvi.
Eu te fitei e quis caminhar junto.
Dessa vez eu que estava pronto.

Ambos estávamos com medo, inseguros.
Eu não sabia como guiar,
Eu não sabia para onde isso nos levaria,
E ainda não sei seus desdobramentos.
Mas essa chuva não me causa mais frio,
Essa chuva já não me faz procurar um abrigo.

Agora é nessa chuva que quero estar,
É debaixo de um guarda-chuva que vou permanecer
Com meu braço sobre seu pescoço
E minha coragem sob nossos pés.


É... Era domingo. Estava chovendo nesse domingo.

(09/2014)