Nesse
domingo estava frio. Era noite e o céu estava encoberto. Uma chuva estava por
vir.
Nos
reencontramos num lugar forasteiramente familiar.
Você havia
mudado, eu também.
Falamos
sobre nossas mudanças. Sobre nossas vidas.
Falamos
sobre nossas escolhas
Estávamos
tentando nos reencontrar.
Trazíamos
uma proposta de local para onde seguir.
Ao chegar
lá, logo de longe vimos suas portas fechadas.
Não pudemos
entrar e nem sabíamos se ele ainda funcionava.
Paramos para
refletir.
Era
necessário recordar outro lugar.
Foi quando
começou a chover.
Abri meu
guarda-chuva e você se aconchegou.
Passou seu
braço sobre meu pescoço,
Segurei em
sua mão e naquele gesto conseguimos nos olhar.
Nossos olhos
não se cruzaram, não careciam mais.
Caminhamos
juntos.
Caminhamos
pelas ruas encharcadas de histórias, de sentimentos e sensações.
Ponderamos
em parar, mas não conseguimos,
Nossos
desejos nos impulsionavam a seguir.
E por essa
rua continuamos.
Afrontando a
chuva, afrontando o frio.
Afrontando o
tempo
Tentamos nos
despedir, mas não conseguimos.
Nossos
corpos não queriam nos separar.
Queriam se
tocar, queriam se reconhecer,
Mesmo com
todo o esgotamento,
Mesmo com
toda a caminhada chuvosa.
Você decidiu
seguir o seu rumo,
Mas dessa
vez eu que peguei em sua mão,
Eu que
investi,
Eu que te
envolvi.
Eu te fitei
e quis caminhar junto.
Dessa vez eu
que estava pronto.
Ambos
estávamos com medo, inseguros.
Eu não sabia
como guiar,
Eu não sabia
para onde isso nos levaria,
E ainda não sei
seus desdobramentos.
Mas essa
chuva não me causa mais frio,
Essa chuva
já não me faz procurar um abrigo.
Agora é
nessa chuva que quero estar,
É debaixo de
um guarda-chuva que vou permanecer
Com meu
braço sobre seu pescoço
E minha
coragem sob nossos pés.
É... Era domingo.
Estava chovendo nesse domingo.
(09/2014)