domingo, 25 de abril de 2010

Outros tempos

O tempo carrega minhas ideias com ele. Todo aquele montoado de letras e ideias se escondem atrás de uma seca e espessa neblina.
Ela engloba, fagocita e tudo fica turvo.
Lembro-me de uma velha apenas. Ela permanece em minha memória.
Me fala desse tempo maluco que atropela o que não o acompanha.
Lembro dela naquele ponto de ônibus. Tinha um pastel e uma lata de refrigerante em sua mão.
O pastel era pra viagem, não conseguiria comê-lo, imagina se o ônibus passasse antes?
Mas permanecia ali, sedenta e lutando com uma lata para tomar seu refrigerante.
Depois de mta insistência, a lata cedeu.
E ela pôs-se a tomar.
Algo não parecia certo e percebi que sua lata não estava completamente aberta. O fecho permanecia ali e era através de buraquinhos que seu refrigerante adentrava a sua boca.
Depois percebi que o anel da lata havia se rompido.
Ela não entendia, continuava a tentar abrir.
Olhava para os lados, perdida. Tentava, tentava e tentava, mas não entendia o que estava acontecendo.
"Maldita latinha", deveria pensar. "E agora, o que eu faço?"
Fazia pequenos movimentos, pois seu corpo já não permitia gdes demonstrações.
Mas algo em sua sutileza tornava aquela cena mais intensa. Sua expressão concentrava-se naqueles gestos que podiam não ser gdes, mas eram carregados de emoção.
Um ônibus passou. Não viu... Se deu conta quando estava parado. Moveu-se em sua direção receosa, sem saber se era seu ônibus.
Hesitou e nisso ele se foi.
E voltou-se para o outro lado, com sua lata e seu pastel.
Ops, meu ônibus.
E ao entrar, na loucura desse tempo. Nem mesmo consegui olhar para ela.
Td se foi mto rápido

sábado, 10 de abril de 2010