segunda-feira, 21 de junho de 2010

Lua e Mar

Eram como o mar e a lua.
Dependendo de sua posição, a lua conseguia influir na maré do mar.
Mais próxima, mais distante e a cada movimento um comportamento.
O mar tb dependia de sua luz. Nem sempre havia um sol para iluminar aquela imensidão.
A lua tb gostava do mar. Não queria estar sozinha e ele sempre se mostrava presente.
Era sempre a mesma face que voltava para o mar. Era sua face mais bonita.
Não que não tivesse outras. Tinha. Mas qdo se voltava para o mar, era sempre aquela que saía.
E todo dia era um tp de interação.
Lua e Mar, Mar e Lua.
Sempre à espera da noite.

sábado, 12 de junho de 2010

Cnofuosã

Estava confuso, não sabia o que fazer?
Por onde poderia sair daquela situação angustiante?
Seu peito, seu peito palpitava intesamente. Podia sentí-lo em sua garganta procurando por um raio de luz.
Ai, meu Deus. Como se enfiara naquela situação estranha.
Estava dividido em dois.
De um lado, ah, de um lado a fofura, a doçura, o companheirismo.
Do outro, hm, a intensidade, a força, a atração.
Como ficar entre eles. Como ficar entre si.
Tentava separar aquilo que era de um, aquilo que era do outro.
Mas não conseguia.
Estava td embaralhado na sua cabeça.
"Um é isso, o outro aquilo, mas isso não pode ser por isso, mas aquilo tem relação com isso, mas como eu sei que é isso, mas o outro tb não tem, mas de onde eu tirei, mas o que acontece nisso, isso pode ser isso, mas não pode ser aquilo, não to confundindo isso, mas aquilo tb é estranho, esse é mais isso, mas aquele tem isso, mas, mas, mas..."
Qtas e qtas e qtas e qtas e qtas questões surgiam em sua cabeça.
Suspirava e passava as mãos em sua cabeça na tentativa de extrair algo delas.
Tentava organizar as relações. Mexia em seus cabelos, vai, volta, de um lado, para o outro.
Fechava os olhos e continuava a suspirar.
"Ligo? Mas ligo pra quem?
Ah... Eu vou comer que ganho mais...."

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Dia do namorados

Era madrugada de um dia especial. Dia dos namorados.
Uma data que deveria ser comemorada junta, com aquele dito especial.
Mas sua madrugada era fria e sozinha. Sentado na frente daquele computador.
Suas relações eram mediadas por um tela dura. Ela não te respondia. Não demonstrava alegria, compaixão, afeto.
Era apenas um tela, lisa e refletora.
Colocava uma música para se sentir menos só. Para que ela pudesse embalar seus pensamentos e sentimentos numa melodia alienante.
Seus dedos estavam cansados de apertar aquelas teclas aparentemente macias. A repetição constante e sua insistência enrijeciam seus dedos.
Está frio, pensava. Era bom fazer seus sangue circular, exercitar os dedos.
Está frio, pensava.
Mas era aquela repetição que enrijecia seus dedos.
Não percebia o que te paralisava e sempre pensava no frio.
Sentia falta de um calor humano.
Não, não queria apenas um corpo. Queria sentir o calor, queria se sentir aquecido.
Seu peito parecia esfriar a cada momento e nem os cobertores lhe ajudavam.
E só lhe restava aquela tela fria.
Mas espera, percebeu uma corrente de ar quente partindo de seu computador.
Havia ali um motor que mantinha as coisas aquecidas.
Nem aquela fria tela sobrevivia sem algo que pudesse aquecê-la.
Não entendeu o motivo, mas se sentiu melhor.
E foi buscar um chá para ficar mais quente.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

XIV Parada do Orgulho LGBT

Era um domingo de festa e manifestação.
A paulista era fechada para o transcorrer de trios elétricos, de artistas, de manifestantes, de gente.
E eu no meio daquela multidão esperançoso em realizar um desejo. Subir num trio elétrico.
Um desejo de tempos, desde 2003, minha primeira parada.
E quanto tempo foi necessário para se chegar no momento de se estar lá em cima.
Olhar tudo do alto e observar os passantes abaixo. Interagir com os que passavam.
Expressar-se e festejar o momento.
Neste ano onde meu ativismo se ligou mais intensamente. Onde finalmente há minha participação em grupos ativistas e, claro, um ativismo individual tb.
Um ano que ainda promete mtas histórias.
E é nesse ano que comemoro em cima de um trio.
Em 2003 era apenas um garoto, ainda com medo de se assumir. Ainda trancafiado em seu armário trancado.
E foi naquela parada que um feixe de luz se fez entrar. Foi naquela parada que a vontade de colocar a cabeça pra fora se fez mais presente.
Observei toda aquela manifestação. Recebi cantadas. Interagi com outros que considerava iguais, com outros que passavam pela mesma condição.
Uma primeira experimentação e aproximação com aquele mundo tão estranho e ao mesmo tempo familiar.
E na minha sétima parada, só não estando presente na do ano passado.
Na minha sétima parada, marcando a metade das paradas ocorridas.
Nesse número cabalístico,
Pude subir em cima de um trio. Dançar, gritar contra a homofobia.
Balançar a bandeira e dizer:
Sou gay e muito mais...