domingo, 28 de fevereiro de 2010

Juventude

Eram jovens, bonitos e inteligentes. Pareciam não ter mto em comum. No colégio cada um andava numa turma. Até uma noite com uma garrafa de vinho que se transformou em várias noites, sem ou com garrafa.
Ambos encontraram-se na mesma situação.
Seriam agora duas almas. Duas almas que apenas desejavam se ver e se relacionar.
Mas suas vidas não eram tão simples assim.
Agora sabiam como era estar no armário. Na verdade, sempre souberam, porém não se importavam tanto e apenas viviam.
Ah, mas qdo aquele certo sentimento bate em nossas portas, td muda.
Queriam ficar juntos, mas não podiam.
Queriam se ver, mas não podiam.
Queriam conversar, mas não podiam.
E aquela relação se transformava numa troca de olhares, de sinais e em noites escondidas.
Suas vidas eram pressionadas e a medida que o tempo passava ficava mais difícil esconder.
Não tinham mais controle sobre seus sentimentos. Suas ações pareciam querer delatá-los.
Tinham ódio de si. Tinham ódio do mundo.
Se consideravam culpados, culpados por se entregarem, por viverem.
Encontravam-se numa encruzilhada sem saber o que fazer.
Não entendiam porquê sentiam aquilo. Não sabiam porquê era errado.
Era tudo tão natural para ambos, era como respirar.
E a medida que o tempo passou aquele momento que era o único em que se sentiam bem tornou-se tão angustiante qto os outros, pois sabiam que seria apenas um momento. Sabiam que em todos os outros momentos eles voltariam aquela pressão, aquela vigilância, aquele mundo.
Foi então que um magoou o outro.
Magoaram-se, pois assim seria mais fácil.
Se afastaram sem se despedir.
Mas volta e meia seus gestos se cruzavam e um ímpeto subia em seus peitos. Queria sair, queria viver.
Suas respirações encontravam um ritmo sincronizadamente próprio.
Era aquele sentimento, aquele maldito sentimento.
Era culpa dele. Tudo aquilo que tiveram que passar, que esconder, era tudo culpa dele.
Somente se encaravam. Seus rostos mantinham um semblante desafiador, um semblante de rancor.
Mas seus corações jamais esqueceriam aquele ímpeto.
Jamais esqueceriam aquela noite com uma garrafa de vinho.

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