sexta-feira, 12 de março de 2010

Olhos de contato

Olhos nos olhos e um cintilante gesto de contato.
Paro, observo e olho.
Mas ele retriubui, retribui de uma forma que não sei lidar.
Desvio, finjo que nada vi, que nada sei.
Mas ele continua, está ali olhando fixamente para mim.
Há algo de novo nesse olhar.
Um estranhamento percorre meu corpo.
Um incômodo, um aperto, uma pressão.
Sinto-me fragilizado e vulnerável.
Mas por que será que olhas tão fixamente?
O que há em seu olhar para me incomodar?
Sua comunicação se concentra naqueles dois globos.
E como anular aquilo que carrego culturalmente?
Não sei se estou preparado, não sei como agir.
E apenas um medo permanece.
Olho, fecho os olhos e abro-os lentamente num suplício,
Me ensina a olhar, por favor.

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